A Mutação do Lobisomem

A semana terminava com a fase da lua gibosa para começar a fase da lua cheia. Vó Ana reuniu seus netos e netas para passar explicações e recomendações sobre a fase da lua cheia, seria uma semana que deveria acontecer a Super lua, este dia a lua estaria mais perto da terra e a transformação do lobisomem seria inevitável e perigosa. Vó Ana não queria assustar seus netos e netas, queria prevenir, pois fatos ocorridos na última lua cheia tinha deixado todo mundo em pânico na região, alguns animais tinham morrido e uma criança recém-nascida tinha sumido sem deixar qualquer pista e as explicações dadas sobre seu sumiço eram desencontradas por que várias versões foram dadas e não chegaram a nenhum resultado, as buscas dadas pelo povo da região também não teve efeito positivo. 
Com todo atentos e de olhos arregalados Vó Ana começou explicar com sua voz suave e firme:       
- Meus filhos, a lua grande está para acontecer, peço que fiquem atentos e qualquer situação anormal que aconteça vocês tem que avisar para os adultos, não deixe passar um minuto, pois pode ser tarde. – Disse Vó Ana com sua voz firme.
- Que tipo de situação Vó Ana, pode explicar melhor! – Disse Leonardo querendo demostrar interesse e obter informações sobre os fatos ocorridos.
- Meus filhos esta semana podem ocorrer barulhos estranhos, assobios longos e intensos, urros, choros de criança, voos noturnos de pássaros sem rumo, cachorros latindo o tempo todo para a lua e galinhas acordando a noite toda. – Diz Vó Ana detalhando explicações.
- Pode ser o lobisomem Vó Ana? – Disse Leonardo tentando antecipar a conversa.
- Quem falou sobre isso, como você sabe destas coisas? – Respondeu Vó Ana com voz suave e devagar tentando passar uma situação de que tudo estava tranquilo.
- Eu ouvi a conversa dos homens lá fora Vó, acho que hoje vai acontecer alguma coisa, todo mundo está nervoso e se armando. – Disse Leonardo meio desconfiado.
Isto não é correto Leonardo e também não é coisa pra menino, deixa isso para os adultos. – Disse Vó Ana com cara fechada e tom de voz alterada.
- Tudo bem Vó, não vou mais lá, desculpe! – Disse Leonardo tentando disfarçar sua descoberta sobre o lobisomem.
- Prestem atenção, aconteça o acontecer não saiam da casa, não andem pela fazenda sem um adulto e nunca se aproximem da grande ingazeira quando tiver perto de escurecer, ouviram! – Disse Vó Ana em tom bravo e sério.
Vó Ana terminou as explicações e recomendações, avisou que o dia estava terminando, que todos fossem tomar banho para jantar e ir dormir, que a noite ia ser longa. Após a saída de Vó Ana Leonardo reuniu todos e avisou:
- Vocês fiquem calados, não falem pra ninguém onde fui, se alguém procurar é para dizer que hoje não estou com fome e vou ficar no quarto, entenderam! – Disse Leonardo com voz firme e jeito autoritário.
Todos balançaram a cabeça afirmando a posição de Leonardo, este sem perder tempo partiu em busca de sua aventura sem saber o que poderia acontecer. Leonardo avistou de longe a grande Ingazeira cercada por outras árvores menores que juntas revelava uma leve penumbra, frio e silêncio. O balançar dos galhos fazia o lugar ficar tenebroso e assustador. Leonardo ao chegar a grande Ingazeira não se intimidou com o lugar, realizou seus preparos e mandingas que ouviu falar, procurou um jeito de subir para procurar um galho forte e cheio de folhas não intenção de ficar bem escondido, após algum sacrifício o lugar estava escolhido, dava para ver quem chegasse. 
O dia ia sendo engolido pela noite, a ponta da grande lua ia aparecendo devagar por trás da serra, os raios da lua começavam a expulsar os raios do sol, se entrelaçavam e suas faíscas reluzentes se espalhavam na sombra da ingazeira como se anunciassem a vinda de alguma coisa. Leonardo escondido entre os galhos da grande ingazeira ficou observando aquela transformação do dia para a noite e pela a primeira vez sentiu um frio na espinha, sua mente começou a assimilar seu medo, mas não dava mais para sair dali, um barulho chamou sua atenção e segurando firme o galho ficou a espera de algo. 
O barulho foi acrescendo, até que surgiu um jumento velho, meio lento, que chegou debaixo da ingazeira, urinou e defecou e de repente foi embora como se notasse a presença de alguém. Leonardo entre os galhos chegou a imaginar que o jumento tinha sentido sua presença, mas logo percebeu que não, um novo barulho, de repente um vulto de um homem de comportamento esquisito, aparência estranha, desconfiado, olhando de relance como alguém que não quer fazer algo, magro, alto, parecendo um doente que carrega uma doença desconhecida. O dia agora perdia a briga para a noite que já predominava no local, a lua estava para sair sua totalidade de detrás da serra emitindo raios que penetravam a copa da ingazeira fazendo pontos luminosos no solo, o homem chegou ao lugar que jumento fez suas necessidades, ficou parado como se estivesse esperando algo, a escuridão tomou conta e apenas os raios lunares alumiava o local. 
O homem estranho abaixou, colocou uma das mãos no chão e começou a se espojar na urina e nas fezes do jumento, suas roupas foram sendo rasgadas e jogadas longe, seu corpo foi ganhando tamanho, pelos e aparência de um animal. Leonardo arregalou os olhos, o frio na sua espinha agora ganhava todo o corpo, sua palidez era clara, mas não podia se mexer para não ser denunciado, observou toda mutação sem sequer respirar. A grande lua agora predominava no céu, o homem agora lobisomem olhou em sua direção e por um momento parecia dominado por sua luz, após alguns segundos erguei seu corpo e seus braços peludo e forte e urrou como se a lua o ouvisse. Seu lamento só provocou pavor, pássaros que estavam dormindo na ingazeira voaram em desespero e se debateram caindo no chão, aves noturnas responderam aos urros como se recebessem ordem para fazer um grande coro de agouro para predominar o medo e dominar a noite. 
Leonardo agarrado no galho da ingazeira via aquilo e já fazia seus cálculos que dali não saia com vida, o medo era agora seu companheiro fiel, sua respiração aumentava e o suor de corpo parecia molhar sua roupa. Por um instante a grande fera parou seus movimentos estranhos e seus urros tenebrosos, por segundos ficou parado, em um relance olhou para cima da ingazeira e fitou um instante, Leonardo agora se viu em apuros, pensou, a fera me viu, agora estou lascado, vou ser estraçalhado pelo o lobisomem. O lobisomem subiu rápido a grande ingazeira e ficou em um de seus galhos mais grosso, começou a olhar para todos o cantos da ingazeira, o escuro era grande, mas aparecia de vez em quando uns raios de lua entre os galhos fazendo parecer que iam denunciar os ocupantes da ingazeira.
Leonardo prendeu a respiração e todo corpo ficou paralisado, o lobisomem começou a se aproximar andando no grande galho, sua procura parecia certa, suas grandes mãos afastavam as folhas, sua presença era percebida por seu mau cheiro e seus pequenos esturros. Leonardo sentiu sua presença bem próxima entre as folhas da ingazeira, o lobisomem parou segurando um pequeno galho pela mão olhou em várias direções, nada encontrando. Leonardo ficou para esperando o ataque que por instantes não aconteceu, um barulho feito próximo à ingazeira chamou atenção do lobisomem que desceu rapidamente e saiu correndo se perdendo no escuro da noite da grande lua. Leonardo percebendo o acontecido desceu da ingazeira, passou a mão pelo o corpo e pensou consigo mesmo: “Já pensou se eu não tivesse passado urina e fezes de jumento por todo meu corpo, o lobisomem tinha me estraçalhado e Vó Ana ia ficar muito triste”. Leonardo sai correndo pra casa contar para seus primos o acontecido, mas nunca mais vai arriscar outra aventura desta.

essa tirei daqui:http://www.sobrenatural.org/conto/detalhar/16821/a_mutacao_do_lobisomem/



Postagens Relacionadas :

Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial