A lenda da máscara mágica

Era uma vez um rei de um vasto domínio. Ele era sagaz, poderoso e temido por todos, mas ninguém o amava. A cada ano, à medida que se tornava mais severo, também se tornava mais solitário, refletindo no rosto o amargor que lhe dominava a alma. Seus lábios eram emoldurados por feias e profundas marcas de expressão, e sua testa cortada por rugas profundas e permanentes. 

    Naquele reino também vivia uma linda garota, que era muito querida por todos. Como desejava desposá-la, o rei decidiu declarar-lhe o seu amor, para o que vestiu seus mais finos trajes. Mas, ao se olhar no espelho, deparou-se com um semblante duro e cruel, mesmo quando sorria.
    Ocorrendo-lhe uma idéia, mandou chamar o mago do reino, ao qual pediu que utilizasse toda a sua habilidade para pintar uma máscara de aparência gentil, agradável e atraente, declarando então estar disposto a pagar qualquer preço por ela.

    — Isso posso fazer — disse o mago — mas com uma condição. É preciso que seu rosto e expressão permaneçam tal qual eu os pintar. Bastará uma única carranca e a máscara estará para sempre arruinada, sem chance de substituição. Portanto, você só poderá ter somente pensamentos gentis e ser gentil e bondoso para com todos. 

    Então a máscara mágica foi feita e parecia tão natural que ninguém imaginaria não ser o rosto verdadeiro do rei. Os meses se passaram e o soberano e a linda donzela se casaram.

    Ele se esforçava tenazmente para não danificar a máscara. Seus súditos atribuíam a mudança milagrosa no soberano à sua adorável esposa que, diziam, o tornara como ela própria era. Mas, com o tempo, o rei se arrependeu de haver enganado sua amada e convocou o mago à sua presença. 

    — Remova esta máscara enganosa, porque eu não sou assim na realidade.
    — Se a remover, jamais poderei fazer outra e Vossa Majestade terá que exibir o próprio rosto pelo resto dos seus dias. 
    — Melhor assim — disse o rei — do que seguir enganando aquela cujo amor e confiança tão desonradamente conquistei. Tire-a, mago. Eu o rdeno! 
    E o mago obedeceu ao soberano. 

    Removida a máscara, o rei, angustiado, virou-se para o espelho. Seus olhos brilharam e seus lábios desenharam um sorriso radiante. As feias linhas de expressão já não marcavam a sua face, que se tornara tal como a máscara que usara por tanto tempo. Ao encontrar sua amada, ela viu apenas os traços bem conhecidos do homem a quem amava. 

    Sim, é apenas uma lenda, mas ensina uma verdade: o rosto revela o interior, o que a pessoa pensa e sente. Como o sábio e verdadeiro versículo nos ensina: “como imagina (pensa) em sua alma, assim é” (Provérbios 23:7). 
— Autor desconhecido

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